Fomos educados para a luta e a conquista, sob uma ótica em que há ganhadores e perdedores, superiores e inferiores. “Fulano é o melhor da turma em matemática”, “Cicrano tira notas boas em todas as matérias”, ou “Aquela moça é tão querida por todos”. Mal chegamos ao mundo e já estamos competindo, tentando sermos vistos e amados.
Essa competição fica latente em nosso inconsciente, de modo que vamos nos enchendo de orgulho e de necessidade de auto apreciação e reconhecimento. Até certo ponto, o reconhecimento é bom, pois nos impulsiona a darmos o melhor de nós, mas pode se tornar uma busca exagerada por notoriedade e para que, de alguma forma, possamos nos sentir especiais. O ego não suporta “ser ninguém” e vive em função de se autoafirmar como identidade.
Infelizmente, essa busca está fadada ao fracasso, pois não é possível ser o melhor em tudo, estar sempre certo e, mesmo que você chegue a uma posição de destaque mundial, não ficará lá por muito tempo.
Então o que fazer? É possível termos elevada autoestima sem o reconhecimento do outro, ou seremos eternos dependentes de sermos belos, bem quistos, especiais aos olhos alheios?
A resposta é: sim, é possível, mas demanda uma mudança de paradigma. O problema está na identidade, está na base do que consideramos ser nosso “eu”, uma conceituação mental baseada no passado, gostos e desgostos e naquilo que, justamente, representamos no meio em que estamos. Complexo né? Sim e não. Complexo do ponto de vista do ego, mas simples do ponto de vista do silêncio interior.
O que tem servido para mim é a lembrança de que o mais importante é eu me sentir bem com meus próprios atos. Nem sempre conseguimos agir como gostaríamos, porém devemos reconhecer nossos sinceros esforços para isso. Além disso, a meditação tem me ajudado a silenciar a voz compulsiva do ego, o que deixa espaço para nossa natureza luminosa se revele. Uma mente com a consciência tranquila, pacífica e clara é uma porta de entrada para a verdadeira autoestima. Nesse estado interior, não precisamos ser ou obter nada, pois temos uma sensação de completude natural independente do externo e as aspirações egoicas, inclusive, perdem o sentido.
Luís Fernando Rostworowski