Comunicamo-nos para sermos compreendidos e para compreender os outros. Se estivermos falando e ninguém estiver escutando (talvez nem nós mesmos estejamos escutando), é porque não estamos nos comunicando de maneira eficiente. Há duas chaves para uma comunicação efetiva e verdadeira. Escuta profunda e fala amorosa são os melhores instrumentos que conheço para estabelecer e restaurar a comunicação com os outros e para aliviar o sofrimento.

Todos nós queremos ser compreendidos. Quando interagimos com outra pessoa, sobretudo se não praticamos a plena atenção para o nosso próprio sofrimento ou não nos escutamos, ficamos ansiosos para que outros nos compreendam de imediato. Queremos começar nos expressando. Contudo, quando começamos a falar dessa maneira, normalmente não obtemos o efeito desejado. A escuta profunda precisa vir primeiro. Praticar a atenção plena ao sofrimento – reconhecer e acolher o sofrimento em si e na outra pessoa – vai fazer florescer a compreensão necessária para estabelecer uma boa comunicação.

Quando escutamos alguém com a intenção de ajudar aquela pessoa a sofrer menos, isso é escuta profunda. Quando escutamos com compaixão, não somos enredados em julgamentos. Um julgamento pode se formar, mas não nos limitamos a ele. A escuta profunda tem o poder de nos ajudar a criar um momento de alegria, um momento de felicidade e nos ajuda a lidar com uma emoção dolorosa.

A arte de se comunicar, de Thich Nhat Hanh