Quando as coisas vão bem, me sinto ótimo. Quando acontecem desafios nos relacionamentos, no trabalho ou no mundo, a culpa é de quem?
O sentimento de culpa é algo estrutural na nossa sociedade ocidental. Independentemente de suas origens, o fato é que ela muitas vezes se atravessa desnecessariamente no nosso caminho. Quando cometemos um equívoco, pode ser que fiquemos remoendo aquilo durante dias, alimentando dentro de si uma espécie de tortura.
No entanto, se pararmos para pensar, qual a utilidade da culpa? Ela traz progresso ou reparo?
Claro, a nível mental, podemos afirmar que entendemos isso. Mas e quando existe aquela culpa crônica, provavelmente vinda lá da infância, que nos visita com bastante frequência?
Quando você a percebe pode ser uma oportunidade de transformá-la em autorresponsabilidade.
Essa qualidade é muito importante para a nossa felicidade, mas vejo que, por nos culparmos muito, também tendemos a culpar os outros pelos nossos obstáculos, fazendo com que tenhamos pensamentos e atitudes como: “sou assim por causa da minha mãe”, ou “isso tudo está acontecendo por sua causa, porque VOCÊ não me entende!”.
Autorresponsabilidade é você resgatar a liberdade de ser quem é. É olhar para as situações, para as pessoas e para suas próprias emoções com autonomia.
Até onde eu posso mudar? Quando entra a culpabilização do outro para não assumir o meu papel dentro de certo relacionamento?
Entende como é tênue a linha entre autorresponsabilidade e culpa?
Enquanto a culpa se baseia em intenso emocionalismo e egoísmo, a autorresponsabilidade é baseada na realidade.
A diferença crucial é você perceber a energia dessas duas posições. Enquanto a culpa é destrutiva e nos corrói por dentro, a autorresponsabilidade tem o poder de nos dar vontade e otimismo na mudança do que é possível mudar e o alívio gerado pela autocompaixão dos erros passados.
Enquanto a culpa se baseia em intenso emocionalismo e egoísmo, a autorresponsabilidade é baseada na realidade. Vemos as coisas e as pessoas como são e as opções que temos diante delas. E sim, no mundo em que vivemos nos deparamos com cenários muito limitados e difíceis de engolir. Através da aceitação disso tudo, brota a nossa chance de efetivamente podermos fazer algo transformador.
Reconhecer esse protagonismo pode não ser fácil. Mas o fato de você buscar resgatar essa consciência já é um início para tomar as rédeas do que mais importa: a sua própria mente.
Um grande abraço,
Daniel Danguy