Em uma aula de meditação do Curso Paz e Equilíbrio, o Luís Fernando trouxe um questionamento a respeito das nossas próprias mentes.

O que são pensamentos? O que são emoções? O que é instinto? Essas foram algumas das perguntas norteadoras desse encontro.

Fiquei bastante mobilizado e reflexivo sobre isso.

A gente, diversas vezes, acha que é livre. Que é livre para pensar, para criar, para construir a nossa própria história. Mas se analisarmos profundamente, o ser humano não age tão diferente dos animais, a não ser que se esforce para atingir o seu potencial natural.

É interessante, pois os animais estão à deriva dos seus instintos. Eles respondem imediatamente aos ruídos que alertam perigos, ao cheiro da comida que está sendo feita, estando em uma espécie de prisão dos próprios sentidos. Só que eles não têm a liberdade de escolher ressignificar esses gatilhos. O leão não pode refletir sobre como é cansativo ficar caçando e defendendo o território. Os cães podem ficar a vida inteira acreditando que latir para o vizinho pode trazer algum resultado, mesmo experienciando que isso nunca acontece.

Será que estamos tão diferentes dos animais?

A vida humana frequentemente gira em torno da busca pelo prazer e pelo alívio do desprazer. Fazemos isso através da comida, do sexo, da busca pelo prestígio. Nos aliviamos também com esses fenômenos, com a intenção de saciar a distância do próprio potencial humano.

Assim, não passamos de mamíferos, iludidos pelo suposto córtex cerebral. No entanto, continuamos hipnotizados pelos objetos externos, presos a um ciclo de sofrimento e alívio.

Qual será o nosso potencial humano?

Não creio que existe uma resposta certa para isso. No entanto, o fato de questionarmos já ilustra sua natureza. Muitos pensadores, cientistas e terapeutas olham para essa pergunta fundamental. Questionamento, abertura, liberdade de escolha.
Será que necessitamos realmente de uma “missão” específica para realizarmos a nossa humanidade?

O primeiro passo para realizarmos a nossa natureza humana, é entrar em contato com domínio instintivo que impera em nossa mente. Nossas prisões internas nos impedem de realmente sermos livres. Assim, podemos abrir caminhos para a criatividade que nos é inata. A energia de ressignificar, de amar, de oferecer nossa energia.

E aí que entra a espiritualidade. Na verdade, ela pode até estar presente enquanto ainda somos dominados por nossas emoções e crenças condicionantes. E ela pode ajudar a ressignificá-las. No entanto, se não nutrirmos a abertura e a constante investigação, ela pode ser apenas mais um refúgio ilusório.

A espiritualidade, para mim, é a dimensão humana que nos diferencia dos animais. Ela é a parcela que busca a virtude, o amor maior, a sabedoria. Não necessariamente é algo religioso, mas traz a dignificação da nossa liberdade, da nossa natureza criativa.

Isso pode nos mobilizar e até causar uma pequena crise, porém é importantíssimo para avaliarmos o progresso que temos tido no autoconhecimento.

Um grande abraço,

Daniel Danguy