Em uma época de tanta instabilidade e ansiedade, praticar a gentileza e a compaixão consigo e com as pessoas próximas pode gerar um estado interior de maior aceitação e leveza.

A prática de meditação “Bondade Amorosa” é original do budismo e se chama, em páli “Mettabhavana” (Metta quer dizer bondade amorosa ou amor universal e Bhavana significa meditação). Dentro da tradição budista Mahayana, um dos principais pilares para o caminho da iluminação é desenvolver uma mente compassiva e equânime que engloba todos os seres.

Tradicionalmente, o objetivo é envolver a todos, incluindo inimigos, seres malévolos e animais. Hoje em dia, ela é flexibilizada para trazer mais gentileza com os próprios pensamentos e emoções, assim como é utilizada ferramenta de cura em processos terapêuticos, provendo mais paz e tolerância consigo e com as pessoas que temos conflitos. Essa meditação também pode nos proteger de desenvolver e manter atitude julgadora e excessivamente crítica.

Como praticar?

Praticar bondade amorosa é como fazer uma oração para si mesmo ou para outra pessoa. Como quando você está pedindo ou orando por alguma coisa para si mesmo ou pelos outros, você ativamente envia votos de carinho e bondade e recita mentalmente palavras e frases que expressam boa vontade e bons desejos para consigo e pelos outros.

Instruções:

  1. Escolha alguém para enviar bondade amorosa. Não selecione uma pessoa com a qual você não quer se relacionar com bondade e compaixão. Comece consigo, ou, se isso for muito difícil, com uma pessoa que você já ama.
  2. Sentado, de pé ou deitado, comece respirando de forma lenta e profunda. Abrindo as palmas das mãos, traga a pessoa carinhosamente à consciência.
  3. Irradie bondade amorosa recitando votos de afeto, como “Que eu seja feliz”, “Que eu fique em paz”, “Que eu tenha saúde”, “Que eu seja próspero”, ou outro conjunto de seus próprios desejos positivos. Também é possível visualizar os sentimentos em forma de cores ou sons, tocando o objeto de foco. Repita esses passos lentamente, concentrando-se no significado de cada palavra ao dizê-la mentalmente. (Caso pensamentos o distraiam, apenas perceba-os vindo e indo; então, suavemente, leve sua mente de volta ao roteiro. Continue até sentir-se imerso em bondade amorosa).
  4. Gradualmente, dedique-se a entes queridos, amigos, pessoas com as quais você está bravo ou chateado, pessoas difíceis, inimigos e, por fim, todos os seres. Por exemplo, use um roteiro como “Que João fique feliz”, “Que João encontre a paz”, e assim por diante (ou “João, que você fique feliz”, “Que a paz esteja com você”, etc.), enquanto se concentra em irradiar bondade amorosa a João.
  5. Para sustentar a mente compassiva, a diligência é necessária. Busque praticar com frequência, como uma vez ou duas por dia.

Um grande abraço,

Daniel Danguy