Embora seja sempre livre, a mente permanece aprisionada em cerceamentos criados por ela mesma. A concentração em um objeto sensorial pode proteger a mente de se sentir dominada pelas ondas. Por exemplo, concentrar a mente em uma flor ou observar a fumaça de um incenso pode proteger a mente de ficar obcecada com as desavenças conjugais ou com um plano de negócios. Esse tipo de foco pode fornecer um alívio temporário. Ainda assim, não nos permite vivenciar a liberdade.

Quando nos conectamos com a nossa própria consciência plena, podemos conciliar o que quer que surja: as grandes ondas dos entes queridos morrendo e dos relacionamentos acabando, e as marolas dos computadores quebrados e dos voos atrasados. Nenhuma onda permanece a mesma; todas quebram na praia. Deixe estar. Deixe passar. Torne-se maior que o pensamento, maior que a emoção. Tudo está sempre em fluxo; ao deixar estar, simplesmente permitimos o movimento inerente. Podemos perceber a preferência e o desejo, mas ir ao encalço deles bloqueia o fluxo da mudança. A consciência plena contém a impermanência, não ao contrário. Mas ambas têm isso em comum: a nossa liberação vem do reconhecimento.

–  Yongey Mingyur Rinpoche, em Apaixonado pelo mundo